segunda-feira, 29 de junho de 2009

A aula que não teve - 25/06

Para Emília Ferreiro o processo de desenvolvimento da leitura e escrita é entendido como processos de apropriação de um objeto socialmente constituído. Para ela, a criança já chega à escola com sua leitura de mundo e devido a isso, as produções feitas pelas crianças merecem ser interpretadas e valorizadas. Pois, antes de começar o processo formal de aquisição da leitura e da escrita, as crianças já constroem hipóteses sobre este objeto de conhecimento. Mesmo estando fora dos padrões do sistema de alfabetização.


A alfabetização é vista como um processo interno e que acontecerá de forma diferenciada em cada indivíduo. Essa diferenciação se dá, de acordo com o estímulo que cada pessoa recebe do meio ambiente em que vive.
A autora divide por fases o processo de construção da escrita:


Pré – Silábica (Fase 1).
Ínício dessa construção, as tentativas das crianças dão-se no sentido da reprodução dos traços básicos da escrita com que elas se deparam no cotidiano. O que vale é a intenção, pois, embora o traçado seja semelhante, cada um "lê" em seus rabiscos aquilo que quis escrever. Desta maneira, cada um só pode interpretar a sua própria escrita, e não a dos outros. Nesta fase, a criança elabora a hipótese de que a escrita dos nomes é proporcional ao tamanho do objeto ou ser a que está se referindo.

Pré – Silábica (Fase 2).
A hipótese central é de que para ler coisas diferentes é preciso usar formas diferentes. A criança procura combinar de várias maneiras as poucas formas de letras que é capaz de reproduzir. Nesta fase, ao tentar escrever, a criança respeita duas exigências básicas: a quantidade de letras (nunca inferior a três) e a variedade entre elas, (não podem ser repetidas).

Silábica (Fase 3).
São feitas tentativas de dar um valor sonoro a cada uma das letras que compõem a palavra. Surge a chamada hipótese silábica, isto é, cada grafia traçada corresponde a uma sílaba pronunciada, podendo ser usadas letras ou outro tipo de grafia. Há, neste momento, um conflito entre a hipótese silábica e a quantidade mínima de letras exigida para que a escrita possa ser lida. A criança, neste nível, trabalhando com a hipótese silábica, precisa usar duas formas gráficas para escrever palavras com duas sílabas, o que vai de encontro às suas idéias iniciais de que são necessários, pelo menos três caracteres. Este conflito a faz caminhar para outra fase.

Escrita Silábico Alfabético (Fase 4).
Ocorre, então a transição da hipótese silábica para a alfabética. O conflito que se estabeleceu - entre uma exigência interna da própria criança (o número mínimo de grafias ) e a realidade das formas que o meio lhe oferece, faz com que ela procure soluções.Ela, então, começa a perceber que escrever é representar progressivamente as partes sonoras das palavras, ainda que não o faça corretamente.

Escrita Alfabética (Fase 5).
Finalmente, é atingido o estágio da escrita alfabética, pela compreensão de que a cada um dos caracteres da escrita corresponde valores menores que a sílaba, e que uma palavra, se tiver duas sílabas, exigindo, portanto, dois movimentos para ser pronunciada, necessitará mais do que duas letras para ser escrita e a existência de uma regra produtiva que lhes permite, a partir desses elementos simples, formar a representação de inúmeras sílabas, mesmo aquelas sobre as quais não se tenham exercitado.

Dessa forma a alfabetização ainda é um grande desafio para nós professores alfabetizadores que precisamos sempre estarmos atentos e levar em consideração a lógica e o contexto social a qual esse aluno pertence. Para que assim, consiga respeitar o seu tempo e possibilitar que ele seja um sujeito ativo na construção do seu conhecimento.

Até a próxima postagem!







2 comentários:

  1. Bruna, você iniciou bem a reflexão... É importante fazer esta leitura de forma bastante atenta e, se preciso, voltar, reler, reler, reler... Nem sempre nos deparamos com textos que apreendemos, de imediato, seus significados.

    ResponderExcluir
  2. Vejo que a reflexão apresenta mudanças!! E o que é melhor, houve mudanças que avançaram em relação às ideias iniciais... Muito bom!

    ResponderExcluir