O texto "A Construção do Conhecimento sobre a Escrita" de Ana Teberosky e Teresa Colomer abordará o processo de leitura e escrita sob o ponto de vista da criança, nos mostrando como acontecem as hipóteses da construção da escrita e da leitura.
No início do texto as autoras mostram uma pesquisa feita com uma criança de cinco anos que começa a escrever seu nome. Essa pesquisa mostra a evolução do conhecimento da menina acerca do seu próprio nome. Esse processo de conhecimento da leitura e da escrita apresenta uma regularidade em geral em todas as crianças. Segue abaixo os quatro itens:
1- A criança constroí hipóteses, resolve problemas e elabora conceituações sobre o escrito.
2- Essas hipóteses se desenvolvem quando as crianças interagem com o material escrito e com leitores e escritores que dão informação e interpretam esse material escrito.
3- As hipótese sue as crianças desenvolvem constituiem respostas a verdadeiros problemas conceituais. semelhantes aos que os seres humanos se colocaram ao longo da história da escrita ( e não apenas problemas infantis, no sentido de respostas idiossincráticas ou de erros conceituais dignos de serem corrigidos para dar lugar à aprendizagem normativa).
4- O desenvolvimento de hipóteses ocorre por reconstruções ( em outro nível) de conhecimentos anteriores, dando lugar a novas construções ( assim acontece, por exemplo, com o conhecimento sobre as palavras, as expressões da linguagem, a forma e o significado do signo).
Antes mesmo de compreender a funcionalidade do sistema alfabético a criança consegue distinguir o desenho da escrita. E a partir disso, começa a elaborar hipóteses pois, já reconhecem as marcas gráficas que "são para ler" e a partir disso começam a fazer a combinação e a distribuição das letras.
É a partir desse momento que a criança começa a distinguir entre textos que tem muitas e poucas letras. E começam a diferenciar os textos que podem ou não podem ser lidos. Por exemplo: os textos que são para ler na concepção da criança devem conter no mínimo entre três e quatro caracteres, se houver menos a criança conclui que o texto não é "nada mais do que letras". Se no texto houver letras repetidas as crianças irão dizer que são "todas iguais". Essas são as restrições que as crianças impõem ao material gráfico para que o ato de leitura seja permitido.
A partir do momento que a criança estabelece as condições gráficas para que haja leitura, por volta dos quatro anos, ela começa a considerar o texto como algo que possuí alguma intencionalidade. E para elas essa intenção será de denominar o nome dos objetos presentes nas imagens e no contexto. Essa será a primeira função atribuída a escrita: a de representar os nomes para denominar os objetos e as pessoas.
Podemos perceber isso no vídeo da Telma Weisz que mostra uma pesquisa feita com crianças entre quatro e cinco anos. Nessa pesquisa Telma Weisz coloca figuras de animais sobre a mesa e pergunta para a criança que animal é aquele. Assim que a criança responde a professora coloca uma tira de papel em baixo da figura contendo o nome do animal. Por exemplo: elefante. Em outro momento Telma Weisz coloca o desenho de uma bolsa e embaixo do desenho contém uma frase. Ao pedir para a criança dizer o que esta escrito a criança diz bolsa. Isso ocorre pois, a criança acredita que a escrita serve para nomear o desenho acima.
Ana Teberosky e Teresa Colomer tentam nos mostrar com esse texto que as crianças constrõem hipóteses de como ocorre a escrita e a leitura das palavras. E é fundamental que nós possamos compreender e respeitar essas hipóteses, pois essas são necessárias para que a criança chegue a aquisição da leitura e escrita. Outro ponto que devemos estar sempre atentos, é ter a sensibilidade de perceber se as atividades e os materias que estamos passando para os nossos alunos condiz com a hipótese e com a realidade deles.
Ao ler este texto lembrei de uma conversa que tive com uma professora no estágio que faço. Ela me falou que um dia passou uma atividade de desenho e pintura para as crianças. Aí teve uma aluno que fez vários desenhos na folha, pintou....e no final pegou lápis preto e rabiscou todo o desenho. Ela me disse que ficou sem entender o que tinha acontecido e começou a brigar com a criança, pois, ela tinha feito um desenho tão bonito e depois rabiscado tudo. Foi quando o aluno falou para ela que ele não tinha rabiscado o desenho todo,e que tinha sido a teia do Homem Aranha que tinha caído em cima da cidade que ele desenhou. Quando ela me contou fiquei sem ação e fiquei tentando imaginar a situação. Ao ler o texto lembrei dessa história, e vi como é importante respeitarmos as hipóteses e a lógica do pensamento do aluno.
Beijos e até a próxima postagem...